terça-feira, 8 de janeiro de 2013

2012 - Ouro Preto - MG



                Após o Festival do Japão, a Niku e eu começamos a nos preparar para a nossa viagem rumo a Ouro Preto – MG. Uma grande mudança de rumos, pois a última vez que viajei eu estava entre os 7 e 9 anos e minha mãe me levou ao Mato Grosso do Sul, eu era muito nova... a proposta desta vez era explorar uma cidade com um alto valor cultural. Pegamos o ônibus no fim da tarde do dia 15/07. Estava muito frio e o tempo em que ficamos no ônibus foi uma tortura. A janela do nosso lado estava com o vidro solto e da cortina as vezes saiam baratinhas (TT...TT). Quando o dia amanheceu, o cheiro do banheiro estava insuportável, foi neste momento que decidimos não comprar mais passagens nos acentos finais ou intermediários dos ônibus. Cada parada descia uma ou duas pessoas no máximo... e aos poucos o ônibus foi esvaziando.
 
16/07/12 (segunda-feira)
                Quando chegamos em Ouro Preto era muito cedo. Estávamos na penúltima parada do ônibus sentido Mariana. As lojas ainda estavam abrindo e as pessoas da cidade estavam saindo para trabalhar. A vista do terminal rodoviário era muito bonita. Havia alguns gatos na entrada, mas como estávamos com malas e sacolas acabamos não explorando muito. Descemos a Rua Padre Rolim, nosso objetivo era chegar na Travessa das Lajes, como eu não conhecia nada e estávamos com um mapa impresso do Google Maps, não fazia ideia de nada e acabamos pegando o caminho errado. Foi uma aventura para começar o dia... descobrimos que a Travessa das Lajes é horrível de se passar de cima para baixo.
                Quando chegamos, recebemos as orientações do Hostel e nos instalamos em um quarto temporário (tempo para descansar). A tarde nos instalamos no quarto certo, onde precisamos fazer uma “gambiarra” para tampar um dos buracos que a janela tinha. O dia estava nublado e as vezes chuvoso, mas não desanimamos. Saímos para conhecer um pouco a cidade e comprar algumas coisas para comer.
                Passamos pela Igreja Nossa Sra.  Da Conceição e em um mercado da Rua Bernardo de Vasconcelos, onde compramos algumas smirnoffs para eventos posteriores (Sabores especiais de Canela & Maçã, Maracujá & Limão e Cramberries & Limão – A melhor de todas!). Continuando a subida que parecia eterna chegamos na Feira do Largo do Coimbra, onde vimos muitas coisas interessantes feitas artesanalmente em pedra e couro. Não aguentamos esperar e compramos uma máscara de couro muito bonita, uma coruja feita de pedra sabão, uma caixa decorativa da viagem e um bracelete de couro com trançados e costuras diferenciadas. Ao lado, um pintor realizava suas artes na porta da Igreja São Francisco de Assis
Para ver a igreja era necessário pagar uma taxa simbólica para visitação, a sorte é que o ingresso servia para visitar o Museu do Aleijadinho e a validade era de uma semana. Inicialmente fiquei incomodada com a questão de cobrarem as entradas para cada igreja que visitamos nesta viagem, mas tive conclusões finais disto na qual vocês entenderão posteriormente). Dentro das igrejas é proibido fotografar (acredito que seria proibido com o uso do flash, mas como a maioria das pessoas que vão lá não sabiam tira-lo acabaram tirando todas as possibilidades. Quando saímos um novo tema nos chamou a atenção para exploração: os cemitérios ao lado das igrejas. Cada uma tinha um pequeno cemitério, uma capelinha ou pátio com vista para a cidade. As construções das igrejas eram muito altas e o espaço do jardim era de chão de pedras e gramado, o que mostrava os padrões coloniais de arquitetura.
 

                Subindo a Rua Claudio Manoel chegávamos na Praça Tiradentes. Vimos uma igreja do outro lado e logo fomos para lá. Entramos pelo portão de trás e ouvimos a música feita com os sinos da igreja. Foi muito gratificante chegar lá bem nesta hora.
                A noite já tinha começado e estávamos com fome. Fomos a uma lanchonete que nos chamou a atenção da Rua Claudio Manoel. A proposta desta lanchonete é muito boa, tive várias dicas para uma empresa futura. Lá escolhemos cada uma sua vitamina, com nomes diferentes e misturas de frutas que pareciam ser interessantes. Nosso dia estava acabando e as barrigas totalmente cheias.

17/07 (terça-feira)
                A proposta para este dia era realizar um percurso cultural e inovador. Encontramos um mapa da cidade no Posto de Informações Turísticas e antes de irmos dormir busquei criar alguns roteiros para os próximos dias. Eu nem imaginava a bagunça que seria tentar chegar em cada lugar, pois não conhecíamos os caminhos e acabamos fazendo quase todos os percursos com subidas (ISTO É TOTALMENTE  NÃO RECOMENDÁVEL CASO VOCÊ AME SEUS PÉS!!!).
                Começamos indo ao Museu do Aleijadinho. Após, para a Igreja Nossa Sra. Das Mercês e Perdões, acredito que realmente eu paguei todos meus pecados só com a subida que fizemos até ela quando descobrimos que a escadinha no fundo da igreja Francisco de Assis chegava lá (X...x´´).  Após, visitamos o Museu da Inconfidência e conhecemos algumas coisas sobre a época colonial, costumes de mineração e curiosidades sobre os Inconfidentes.
                Nosso almoço foi novamente na Lanchonete Brasil.
                Passamos no Teatro Municipal, onde tiramos algumas fotos e nos informamos sobre a programação de Inverno que a ocorre entre Ouro Preto e Mariana. Inicialmente isto me interessou mas não tivemos muito tempo para assistirmos os shows, teatros e apresentações. No tempo que parávamos só dava para pensar uma coisa: descansar. De lá, descemos para a Igreja Nossa Sra. Do Pilar, onde fica o Museu de Arte Sacra.  Enquanto eu ouvia as explicações dos guias turísticos a Niku tentava tirar algumas fotos sem autorização. Esta igreja tinha detalhes em ouro, algumas obras feitas pelo Aleijadinho, alguns detalhes feitos pelos auxiliares do artista e mobiliaria colonial.
                Os guias que ficam do lado de fora não são oficiais, mas se apresentam como. Tem vestimenta e curiosidades que nos chamam a atenção. Acabamos indo com a guia para a Mina do Jejé. Lá a bateria da minha câmera acabou, mas o que valeu foi a experiência de um garotinho entre 9 a 12 anos nos contar sobre como era realizada a mineração na cidade e do trabalho escravo infantil para a passagem em pequenos túneis sem o desmoronamento das minas. (Me senti tão grande quando bati o capacete no teto da mina, XD).
                Sem auxilio de um guia formamos um grupo com outros turistas e fomos para a Igreja Santa Efigênia, onde também cobraram para entrarmos. A igreja mostrava a necessidade de restauração, pouca decoração e falta de apoio por parte do Governo para manter a cidade turística. Quando fomos para o cemitério ao lado, acabamos nos separando dos outros e foi nesta hora que reparei que as pessoas daquela cidade, apesar de serem humildes, aproveitavam tudo o que a parte turística podia lhes oferecer. Já não estávamos mais na parte “bonita para turistas”. Logo ao lado já podíamos ver os morros com favelas e construções irregulares. Isto me chamou a atenção, eu queria ver mais deste lado da cidade. Ao contrário da Grande São Paulo, toda a história que aquelas crianças, jovens, adultos, velhos conheciam virava venda para turistas: desde um conto, uma curiosidade, um desenho, uma pintura, um paninho feito a mão. Mesmo assim, é notável a pobreza da cidade. Pois só todos os ganhos servem apenas para sobreviverem.
                Quando voltamos pedimos dois lanches enormes no Lagarto´s Burger. O pão, o creme, os hambúrgueres são feitos todos artesanalmente e o valor é muito bom! Não conseguimos comer o lanche todo e então desmontamos!


18/07 (quarta-feira)
                Desta vez estávamos mais preparadas, decidimos usar o transporte da cidade para realizarmos o percurso de cima a baixo, não queríamos mais subidas! E tudo lá envolve ruas íngremes! Ao lado da rodoviária, fomos para a Igreja Francisco de Paula, ela estava em reforma e até as ruas próximas estavam fechadas. A Igreja São José estava em construção. A Igreja Nossa Sra. Do Rosário também estava fechada, então tiramos algumas fotos externas. Esta foi a igreja com a construção mais diferente que vimos da cidade, ela não era toda cheia de ângulos retos. Ela tinha as pontas arredondadas. As fotografias me lembraram as ruínas e construções da descida para Santos, pelo Caminhos do Mar. 
A cidade já não mostrava apenas a beleza... notávamos bolsas largadas em cantos vazios, camisinhas usadas em espaços mais fechados, pessoas que se posicionavam em cantos estratégicos para nos observar. Não passou muito tempo, continuamos nosso passeio. As fontes da cidade não funcionavam e também precisam de restauração. Em uma das igrejas, uma das portas estava semiaberta, quando entramos uma senhorinha muito velhinha nos atendeu. Ela explicou que a igreja estava fechada e perguntamos quando ela abriria novamente. Muito simpática ela nos mostrou a igreja por dentro, com as coisas todas empilhadas de forma irregular, as paredes descascadas e até mesmo a porta com uma madeira para tampar o buraco que o desgaste havia feito. Ela explicou que a igreja tinha autorização do Iphan para realizar as devidas restaurações, mas o Governo não mandava o dinheiro para as igrejas mais distantes do Centro Turístico.

                Continuamos nosso caminho passando pelo Museu Casa dos Contos, eu acredito que foi o lugar mais legal que eu fui da cidade, mas a Niku gostou mais do Museu de Ciência. Na Casa dos Contos vimos uma mostra de Moedas, desde as mais antigas até as moedas comemorativas dos dias atuais. A história do dinheiro é muito interessante, já imaginou viver em uma época onde o dinheiro era um pedaço de papel escrito “Vale $$ cruzados” que parecia ser feito em máquina de jornal?( Eu seria rica com a minha impressora! Rs) Outra coisa que nos chamou a atenção foi o buraco para privada, realmente era um buraco que descia paralela a os cômodos até o subsolo, pensamos: será que dali as fezes iam para o córrego ao lado desta casa? Após, vimos objetos históricos, livros de diferentes épocas e a Senzala (Outro lugar que eu adorei), lá nós encontramos algumas ferramentas de tortura, marcação de escravos, ferramentas para trabalho e até ferramentas para castração. As janelas desta parte da casa tinham grades grossas, com espaçamento de um punho fechado. Logo na entrada se via para onde os excrementos eram mandados: para o dormitório dos escravos, o subsolo do casarão. Quando aquele vão logo na entrada da Senzala enchia, os escravos despejavam no córrego.

                Voltamos para o centro histórico, onde perguntamos para algumas pessoas como faríamos para chegar na cruz mais alta da cidade. Era uma cruz que dava para ver da janela do quarto onde estávamos hospedadas e nos chamava muito a atenção desde o primeiro dia. Pegamos uma lotação onde o ponto final era na Santa Cruz, o lugar que queríamos. Quando chegamos ainda precisávamos andar para a cruz, passando por um caminho pequeno que nas laterais só se podia ver o morro e a favela bem lá embaixo. Eu tremia muito quando chegamos lá, mas não era só pelo medo de altura, mas por termos passado por um monte de casas irregulares onde algumas paredes e portas chegavam a lugar nenhum sem se esquecer de um cachorro que ficou latindo para mim enquanto eu subia sem olhar para trás.  A cruz era enorme e a vista de lá de cima era linda, até conseguíamos ver as rodovias paralelas que supostamente chegariam em Mariana.
                 Fizemos um comentário feliz:
                --Sabe aquela propaganda que o cara chega no topo da montanha e pergunta: “E Agora?“ E o outro responde: “Vamos descer!”???
                --Sei, o que que tem?
                --Vamos descer? (rs)
 
                A descida não parecia nada feliz, por podermos ver que a qualquer tropeção rolaríamos ao “infinito e além” e pelo cachorro na hora que chegássemos na entrada para a rua. Mas, assim voltamos. No final do dia comemos dois lanches enormes na Lanchonete, tomamos as vitaminas “Explosão Vermelha” e “Incrível Hulk” (Eu já disse que amei as vitaminas desse lugar?).
 
19/07 (quinta-feira)
                Nosso ultimo dia estava começando. Ainda tínhamos muitos lugares para visitar, mas estávamos exaustas. Com a descoberta do percurso dos ônibus de Ouro Preto eu não queria mais andar as ladeiras da cidade. Fomos até a entrada para o Parque Vale dos Contos, com uma trilha muito agradável para caminhada, mas mesmo com um monte de placas informando os caminhos acabamos nos confundindo. Todas as pedras da cidade chamavam a atenção, qualquer uma que brilhasse diferente, tivesse uma cor realçada ou textura variada chamava a atenção da Niku, que se pudesse traria todas no bolso (300 Quilos de pedra!!!). Tivemos a surpresa de encontrar vários lagartos na saída do Parque. Eles estavam tomando banho de sol e o rapaz do parque disse que é comum encontrar esses bichinhos por lá.

 No final do percurso almoçamos, o restaurante se chama “Canto do Poeta” e a comida caseira é muito boa. Em seguida fomos para a Capela do nosso Sr. Do Bom Fim que estava fechada. Fomos ao Centro de Convenções e a Estação Ferroviária onde exploramos os objetos e vídeos que contavam sobre Ouro Preto e Mariana, as cidades que a Maria Fumaça percorre. Um vídeo sobre contos populares de terror destas cidades nos chamou a atenção. Outra coisa que também chamou foi o método de visualização destes vídeos, que podiam ser escolhidos ao tocar em uma televisão gigante (Por que em São Paulo os museus não tem isso???) e podiam ser ouvidos com fones de alta definição. Vimos a maquina sair da estação mas não percorremos o caminho com ela, pois o valor era muito alto. Gastamos o dinheiro para lembrancinhas e mais Vitaminas na Lanchonete...
                De lá fomos para o Museu da Ciência e Técnica, onde ficamos até o horário de fechamento. Vimos uma variedade de pedras, com cores de todos os tipos. Fósseis e até excremento fossilizado (Uma pergunta que fiz posteriormente: Se cocô entra em decomposição, como ele pode ter sido fossilizado? Se alguém souber me responder esta, eu agradeço!). Só sei que três setores para vermos deste museu: Mineralogia II, Metalurgia e Ciência Interativa/Física. Mas como nossos ingressos não tem tempo de validade, nós pretendemos voltar para terminarmos de ver...
                A noite começava e precisávamos arrumar nossas coisas para no dia seguinte voltar para São Paulo.
 20/07 (sexta-feira) 
                O dia estava muito frio, ainda era 5:30 quando acordamos. Tomamos café com o que tinha no Hostel e pegamos a lotação para a Rodoviária. Quando chegamos ainda precisaríamos esperar quase uma hora para o ônibus chegar. Então lá ficamos como dois picolés. O retorno dentro do ônibus parecia não ter fim. Pelo menos o vidro não balançava... Na metade do dia desci para comprar um lanche no NYC Burger, eu nunca havia comido lá mas a Naru já tinha  me falado sobre. O hambúrguer deles é muito bom, grande e barato. Chegamos em São Paulo de noite, mas ainda pegaríamos o Metrô e a Lotação para casa (X...x´´). Nossos gatinhos estavam com muita fome e saudades... 
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