terça-feira, 15 de setembro de 2009

Belo Horizonte - Uma nova Capital

Curso: Aluna Especial em Pós Graduação da FASM 2009/ Artistas Visionários
SALGUEIRO, Heliana.“Revisando Haussmann – Os limites da comparação. A Cidade, A Arquitetura e os Espaços Verdes (o caso de Belo Horizonte)”. Rio de Janeiro CCBB: 1994.

Belo Horizonte – Uma nova Capital
Heliana Salgueiro conta através de seu texto e suas pesquisas as mudanças feitas em Belo Horizonte, em busca de uma cidade modernizada. Criando um paralelo com a produção de Haussmann em Paris, na qual ela afirma haver diferenças nas produções devido as necessidades locais e fatos ocorridos.
Belo Horizonte surge da destruição total do arraial antigo, para iniciar as produções através de um lugar livre de intervenções, diferente de Haussmann que fez uma revisão de Paris e criou uma proposta de “correção/manutenção” da antiga cidade, fazendo intervenções parciais até o resultado. Aarão Reis e o grupo técnico vindo do Rio de Janeiro se torna a Comissão Construtora da Nova Capital.
Charles Fourier é lembrado quando notamos a classificação de grupos ou séries para uma grande construção, usada também por Haussmann. Criando uma espécie de camadas administrativas para um todo. No caso de Haussmann, seus trabalhadores eram hierarquicamente organizados, onde uma coordenação era criada através destes eixos estruturais. Porém, essa organização fica distante de Reis, quando nota-se uma predominância política na produção.

A busca de uma cidade ideal estava presente na planta de Belo Horizonte. Aarão Reis se preocupou com as luzes e o remodelamento do espaço, herança do século XIX Os engenheiros da Escola Politécnica buscavam ir contra as ruas estreitas e tortuosas e mantinham os códigos modernos para a mudança urbana. Especificando a cidade em três zonas: urbana, suburbana e rural, criando vias de acessos em padrões quadriculados e diagonais. O discurso de Reynaud defendendo a irregularidade harmônica e condenando ruas retas e longas não chega nas mãos de Reis, pois ele era seguidor das primeiras propostas modernistas que chegava ao Rio de Janeiro. As adaptações para as curvas são posteriores a 1910, não fazendo parte do projeto de Aarão Reis.
As críticas da época transformavam as propostas de Haussmann um regime político autoritário, o que atrapalhava as produções, o que foi levado em conta foram as idéias. Pois independente de sua aceitação ou não, todos notavam que Paris era uma cidade amontoada e insalubre e que as mudanças foram necessárias. As propostas de Haussmann foram seguidas a risca por Aarão, criando vias largas que ligassem o centro aos campos, mas logo se percebia que estas grandes produções não atendiam as necessidades de Belo Horizonte, por exemplo as largas avenidas, que ficavam desertas pois não tinha um fluxo auto de carroças, diferente de Champs Elysés, que recebia 2.060 carroças por hora.
Para aumentar a circulação e gerar fluxos na cidade, Reis buscava distribuir os setores comerciais, criando edifícios administrativos, hotéis, estação central , mercados, escolas, igrejas e o parque. A cidade era criada com um contorno geométrico, uma idéia que surgira das utopias renascentistas. Já no século XIX, essas muralhas foram substituídas por boulevards.
Os imóveis de Paris eram considerados monumentos urbanos, o que fez a cidade ter uma uniformização e uma regularização do espaço, que vistos de longe criavam a impressão de uniformidade. Em Belo Horizonte, o edifício era um objeto, o quarteirão estava sendo formado pelo conjunto de elementos sistematizados, criando uma diferença entre escalas e ornamentos das produções de Paris.
Outra importância dos projetos de Haussmann que estavam sendo utilizados eram a infra-estrutura e equipamentos, mas estas estavam sendo executadas parcialmente e de modo descontínuo, privilegiando mais o centro de Belo Horizonte. Outro setor era o da vegetação, mas com a desproporção das casas, as árvores começavam a “esconder” a fachada das casas. A produção do Parque Municipal foi atribuída por Paul Villon, paisagista francês que já havia trabalhado nas produções de Haussmann.
O Parque, realizado por Magalhães e Villon só foi realizado em parte. As necessidades econômicas atrapalharam na produção, deixando de lado diversos projetos utópicos arquitetônicos (com exceção do pavilhão no meio do lago) e a substituição de um portão de ferro ornamentado e lindos pilares por um portão de tela de galinheiro. Ao mesmo tempo, tempos os cronistas afirmando que as grandiosas produções não atendiam as necessidades nem aos hábitos da população da nova cidade, ainda mais na desproporção do parque em relação à cidade e ao número de habitantes.
Sabendo dessas mudanças que ocorreram das propostas de Haussmann, sabemos que a universalidade desse raciocínio não é real, pois fora de Paris estas propostas nem sempre são aplicáveis. Hoje, as produções de Aarão Reis mostra uma aceitação para o progresso da cidade, que recebe um número maior de carros, visitantes e mesmo da população.

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