sábado, 24 de outubro de 2009

Leituras - Curso OSESP

Curso: OSESP 2009
TORRES, Maria Cecília. Entre a Diversidade de espaços e cenários musicais: reflexões a partir de duas cenas. FUNDARTE/UERGS, 2005.

O texto de Maria Cecília Torres apresenta dois momentos onde professores/educadores entram em contato com a educação musical. Em ambos momentos, os professores apresentaram um ambiente musical ineficiente durante a educação básica e buscam um conteúdo formal para ampliarem seu repertório e melhorar suas atividades educacionais.
No primeiro momento, o grupo de professoras (ainda em formação) estudam a educação musical durante um semestre e retratam a importância de valorizar o conhecimento, a vivencia e os saberes do aluno, de levar um novo repertório ao mesmo e ampliar as escutas deles para que eles aprendam a fazer suas escolhas; comentado também por Subtil[1]. Apresentam também a questão de se trabalhar a música como acompanhamento de outras matérias, uma interdisciplinaridade e a falta de aprofundamento.
No segundo momento, o grupo é formado por professores de diferentes áreas, participantes do Curso de Formação continuada em música para professores leigos de rede pública de São Paulo, organizado pela Coordenadoria de Programas Educacionais da OSESP, lecionado pela Maria Cecília. Os professores encontraram uma perspectiva para articular as atividades musicais, aprenderam a importância da apreciação, da execução vocal e instrumental através da improvisação ou de composições formais, sempre aproveitando os diversos saberes e escolhas deles e de seus alunos, contextualizando-os através das atividades. Deixando a prática simplista da música dentro das diferentes matérias.
Finalizando a leitura, Maria Cecília Torres ressalta a importância dos professores valorizarem o trabalho de e com a música na sala de aula, busquem realizar propostas musicais para os espaços formais e informais, em todos os contextos.
Acredito que o professor, através das atividades musicais, alcança um contato maior com o aluno, desenvolve a escuta tanto do aluno como de si mesmo, abre espaços para reflexões e novas pesquisas, uma ligação da música tradicional com a popular, uma ligação histórica, apresenta novos repertórios e dá oportunidade do aluno realizar suas escolhas e opiniões. Aumenta sua sensibilidade para ouvir e criar.
O professor pode e deve levar as atividades musicais para todos os momentos de aprendizagem, pois a música apresenta amplas formas de pesquisa. Existem muitas perspectivas a serem trabalhadas. Porém, devemos sempre ter um objetivo e um contexto do porque utilizar “aquela” música, qual a intenção de estar utilizando a música naquele momento, deixar a música também como primeiro plano. Não usar a mesma apenas como acompanhamento das atividades, onde ela não tenha uma importância.
[1] SUBTIL, Maria José. Mídias, musica e escola: práticas musicais e representações sócias de crianças de 9 a 11 anos. Revista da Abem, Porto Alegre n°13. p. 72

domingo, 18 de outubro de 2009

Concurso Público/ Prof. Arte 2009 - Leituras:

Estudos – Concurso Prefeitura SP/2009
OSTROWER, F. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Vozes, 1997.


Fayga Perla Ostrower (1920 – 2001) nasceu na Polônia, atuou como artista plástica – gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica em arte e professora. Veio ao Brasil em 1934, cursando Artes Gráficas na Fundação Getulio Vargas em 1947. Posteriormente trabalhou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e fez parte do corpo docente de pós graduação em diversas universidades brasileiras. Segue uma breve reflexão de seu livro Criatividade e processos de criação.

(...)"O tema deste livro é a criatividade. O enfoque, o ser humano criativo". Fayga Ostrower não encara a criatividade como propriedade exclusiva de alguns raríssimos eleitos, mas como potencial próprio da condição de ser humano. A criatividade não é tratada como objeto isolado, a ser estudado como se fora compartimento estanque. Fugindo a qualquer esquematização e simplificação, a autora a trata enquanto elemento dentro do mais vasto contexto, sem deixar, em nenhum momento do desenvolvimento de sua análise, de situá-la em relação à problemática social, econômica, política e cultural, que, sem dúvida, obstaculiza o livre fluir da criatividade humana. É desse modo que o livro de Fayga Ostrower acaba por se transformar numa denúncia extraordinariamente lúcida de tudo o que no mundo de hoje contribui, não para construir o homem a partir do que ele traz gravado em si de mais irreversível e essencial - a sua, repita-se, liberdade -, mas para, ao contrário, aliená-lo dela. (...)
Pedro Paulo de Sena Madureira

Todo ser humano tem um potencial criador. O Homem deve ser consciente de sua cultura, ser sensível àquilo que lhe contextualiza. Quanto mais consciente for, maior será seu potencial.
Por ser consciente, o homem sabe de sua existência individual e tem percepção de participar de uma sociedade, cheia de valores e regras culturais. Ao mesmo tempo, consegue através da memória associar os fatos entre o tempo (ontem, hoje, amanhã). Suas associações e a manipulação de objetos e eventos mentalmente podem influenciar o fazer e o criar.
O processo criativo envolve a comunicação entre os homens. Falar é objeto real das idéias, pode apresentar significados ou representar símbolos, mas não é o único meio de comunicação, existem também as formas (expressão subjetiva em comunicação subjetivada).
Formar é um modo de ordenar as informações e criar é o modo de comunicá-las, uma espécie de diálogo. As formas simbólicas estão diretamente relacionadas ao individuo pelo tempo e o espaço. Junto as formas simbólicas, as ordenações interiores, a fala ou as palavras o homem se encontra sobre a tensão psíquica, que tem a função estrutural e expressiva junto à intensidade emocional e intelectual. Um conflito que se resolve pelo processo de criação.

Materialidade e Imaginação
A criatividade e o potencial trabalham com a linguagem, a materialidade, a imaginação. Existe uma ligação entre a imaginação e a capacidade de cada matéria (que é limitada) e com o objetivo a ser alcançado. A imaginação é específica a cada trabalho. A materialidade nem sempre está ligada ao meio físico, mesmo quando sua matéria o seja. Ela pode estar ligada ao plano simbólico e através das ordenações psíquicas se transforma em comunicação.
A arte não é a única maneira de criar, existe também o fazer humano.
A matéria esta ligada a um contexto cultural, a um conjunto de fatores sociais, que são transformados em valores.

Intuições e Inspirações
Devemos tomar cuidado com o que é intuitivo e com o que é instintivo. A intuição lida com aquilo que nem sempre é conhecido, nos permite ser espontâneos pois é individual, é pessoal.
Tudo no ser humano passa por sua percepção, ela é formada pelo momento de conhecer, aprender e interpretar, importante ao ser intuitivo como momento de estruturar e formar aquilo que ficará guardado dentro do homem. Existe também o intuir, que está ao nível pré-consciente ou subconsciente, além de nossa percepção comum.
Podemos formar imagens referenciais, elas aparentam ser naturais para nós entretanto não são, como também não são herdadas e sim formadas através do conhecimento pessoal e cultural de um indivíduo. São formas de ajudar uma pessoa a entender os fatos através das referencias.
Está no intimo do homem a seletividade. Ele escolhe as informações usando a coerência do que pode ou não ser significativo a si mesmo, do que já era conhecido ou não. O insight apresenta o momento da visão intuitiva e a estruturação da possibilidade de pensar e agir do indivíduo.
Após intuir, selecionar, relacionar os dados se inicia o processo de formar (experimentar, intencionar). A intenção somente será executada pela elaboração, a concretização do trabalho. Ou seja, o fim do momento de inspiração. Logo, o homem tende a perceber que está em uma nova tensão psíquica, renovando o impulso criador.

Formas e Configurações
Desde pequeno o ser humano aprende a lidar com significados. A presença de cargas simbólicas continuam por toda vida por meio das ordenações de campo e ordenações de grupo. As ordenações de campo são fatores maiores que vão aos menores, enquanto as ordenações de grupo é o inverso. Porém os dois caminham simultaneamente.
Há ordenações de grupos de componentes semelhantes e os contrastes, que dão uma tensão maior que as semelhantes. Diferente da matemática é necessário acentuar que a diferença dos fatores altera o produto, portanto as ordenações precisam ser organizadas criando algum sentido para ter uma significação.

Valores e Contextos Culturais
Cada tempo tem diferentes valores culturais e sociais. Os estilos são concepções da vida, daquilo que se acredita em determinada época, de seus valores históricos. Influenciando a criação ruma a certos propósitos e valores coletivos, sofrendo mudanças através dos tempos. Por exemplo a diferença de valores na arte medieval e na arte moderna, diferentes representações e visões do mundo.

Crescimento e Maturidade
As crianças agem de forma impulsiva, elas querem descobrir o que acontece e dar sentido aos fatores. As experiências sensório-motoras são as primeiras formas de associação e desenvolvimento do ser humano, seguindo para uma adolescência mais realista onde o crescimento físico e psíquico começa a ser expressivo.
A maturidade não tem necessariamente uma idade biológica para acontecer, ela se inicia quando o individuo alcança uma independência interior de equilíbrio, intelecto e emocional. Resultando em um crescimento sem limites.
Fayga Ostrower acentua a diferença entre a criação e a invenção. Criar integra significados, é pessoal, envolve relações, é conhecer coisas, é desenvolver, é crescer. Da mesma forma, há diferença entre preço e valor. As emoções, os sentidos, a inteligência, tudo aquilo que lhe faz humano é valor, não podendo ser reduzido em mercadorias ou à algum preço.

Espontaneidade, Liberdade
ser espontâneo significa ser coerente consigo mesmo” (PP. 147).
Finalizando seus conceitos, a criação não é individual, mas é do individuo. O homem precisa estar ligado às influencias culturais e a espontaneidade criativa, sabendo que há uma seletividade dos fatores que aumenta seu potencial criativo. Lembrando que a liberdade de criação é diferente da liberdade de expressão. Fato ocorrido no Romantismo, onde os artistas lutaram para pensar contra certas idéias.

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