Estudos – Concurso Prefeitura SP/2009. Texto:
HERNÁNDEZ, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.O texto de Hernández tem como objetivo mostrar as propostas, métodos e duvidas até uma avaliação. Ele pensa em propostas mais atuais da educação, pois a escola apresenta problemas

que surgiram no século XIX. Ainda mais na forma de se repensar o ensino da arte, que ainda é limitada em práticas acadêmicas que não acompanham as necessidades da sociedade atual. A proposta é mostrar formas mais dinâmicas do processo educacional (mundo social e simbólico). O aluno carrega com ele seus valores sociais e culturais que estão fora da escola, no qual devem incorporar na arte e na educação.
Os conteúdos em arte possibilitam vários olhares, perspectivas psicológicas e cognitivas
Em 1960, o ensino da arte avançou, valorizando a estética, a história da arte, a critica e a produção artística. Esta mudança na educação foi aceita em vários países, como nos Estados Unidos e no Brasil. Porém, ainda enfrentamos a relutância da arte-educação como área do conhecimento. O aluno precisa discenir, valorizar, interpretar, compreender, representar o que lhe cerca e também a si mesmo.
Hernández acredita na existência de racionalidades: Argumentos que sustentam um estado de opinião. Racionalidade Industrial (habilidades e destrezas para procedimentos pictóricos com finalidades miméticas), Histórica (argumentam que a arte deve ser deixada de lado na educação social), Expressiva (Arte é importante para demonstrar sentimentos, emoções e o mundo interior, é uma possível forma de comunicação entre os jovens), Cognitiva (A arte desenvolve o intelecto), Perceptiva (desenvolve a percepção visual), Criativa (desenvolve a capacidade criativa dos jovens), Comunicativa (A cultura é dominada por imagens, os alunos precisam ler e produzir imagens para se comunicar), Interdisciplinar (A arte deve ser organizada por quatro disciplinas: estética, história da arte, crítica e produção artística – proposta triangular DBAE/ Discipline Based Art Education) e Cultural (arte que constrói as representações sociais).
Quando consideramos a arte como linguagem, sabemos que as atividades artísticas são cognitivas, pois o aluno está desenvolvendo a sua percepção visual, ao mesmo tempo existe a aceitação das diferenças (inteligências múltiplas), porém não deixam de ter um foco em cada tipo de objetivo a ser alcançado. Na experiência estética, o foco é a interpretação que são alcançados através de estratégias de interpretação e a cultura visual.
O aluno não deve pensar a arte apenas como FORMA – CONCEITO – PRÁTICA, ele deve percebe-la como cultura de diferentes povos e sociedades. Ter consciência de sua experiência em relação aos artefatos e obras. Seu principal objetivo é provocar a reflexão. A arte é carregada de seu valor histórico e social, valores do artista, do meio em que ele vive e os conceitos de sua época. Contribui para que o aluno perceba sobre ele mesmo e sobre o mundo.
1Arte e cultura – mediadores de significados (interpretados e construídos).
2Objetos artísticos – relação entre quem realiza a obra o mundo.
3Artefatos Visuais – informa aqueles que os vêem sobre si mesmos e o mundo.Existe a visão do aluno como conhecimento pessoal sobre determinada obra ou como “conhecimento original”, que vem do artista que fez a obra. Cria um percurso entre o passado e o presente, mostrando os significados de diferentes culturas, valores estéticos e simbólicos. A percepção destes valores dependem do nível de compreensão do aluno, de sua capacidade de investigar o tema. Para isso é necessário estratégias, exemplos, analogia e novas formas de se observar a obra. O aluno deve estruturar seu conhecimento por meio de experiências em relação ao mundo que o rodeia, construindo significados que ajudarão o aluno a examinar a realidade de uma maneira crítica e questionadora. O professor é ponte destas ações.
História da Arte Educação / MetodologiasExistem diversas maneiras de ver, sentir, falar e pensar o mundo. O professor é aquele que deve analisar quais são os problemas e idéias atuais, examinar o que foi positivo no passado e deve ser mantido no currículo, ao mesmo tempo deve fazer parte da mudança do processo interno dele, sempre tentando inovar. A proposta não é negar as propostas curriculares que foram surgindo desde o iluminismo, mas reconstruir e interpretar o passado e melhorar o presente.
Hernández questiona porque as propostas italianas foram adotadas ao invés das francesas, inglesas ou norte-americanas (DBAE) para a formação de currículo. Na Espanha, há um acordo generalizado onde as pessoas acreditam que a arte vem de um “dom” artístico, por isso não é necessário o ensino da arte a todos, o desinteresse da arte como linguagem não vem só do Brasil. Já o Brasil, os estudos artísticos criados desde o expressionismo não apresentam conhecimentos “úteis”, o que afasta as pessoas de um reconhecimento social.
Nas escolas, em sua maioria, o professor se prende a atividades agradáveis que resultem em boa estética para ter visualidade formal, os objetivos e propostas são certos, porém não podemos ampliar o conhecimento, pois não há muitas publicações e questionamentos por outros ângulos e o professor acaba dependendo da prática para que estes questionamentos surjam. Não é fácil criar um currículo onde deve ser pensada a capacidade do aluno através de sua idade e seus valores sócio-culturais.
Compreensão e Interpretação: Ser+Cultura+História=ConhecimentoSegundo Piaget, o ser humano adquire conhecimento através de adaptações e assimilações. Para Hernández, isso seria um conhecimento idealista, para tanto devemos adaptar estas construções simbólicas em condições da realidade. A obra de Piaget é repensada, não sendo considerada uma obra universal. Winner fala na relação entre artista, interprete, observador e o crítico. Gardner fala da Criação (Atos ou Ações) vindo do criador ou interprete, a percepção (discriminações ou as distribuições) por parte do crítico e as sensações (observações) por parte do público.
Como uma pessoa pensa, cria conhecimento a partir de uma manifestação verbal de suas idéias, analisa a finalidade de como se utiliza e compreende estas idéias. A arte não são apenas elementos belos, ela articula a experiência entre o interior e o exterior e traz significados do artista e o observador. É pensado através da linguagem e da produção de significados.
Parsons acredita que a capacidade de adquirir conhecimentos vem através da idade, destacando cinco estág idade, destacando cinco estade de adquirir conhecimentos vem atraves estas construçir e interpretar o passado e melhorar o prios para a apreciação estética: favoritismo, beleza e realismo, expressão, estilo e forma, autonomia. Sua obra amplia as possibilidades do conhecimento estético e psicológico.
Housen define que o ser humano constrói sentidos e significados individuais desde a narrativa (preferências individuais) até a atividade reconstrutiva, seu estudo destaca os estágios: narrativos, construtivos, transição (modelos - referencia acumulativa ou não), classificação, interpretação, recreação.
A educação, baseada na psicologia construtivista, acredita que as funções mentais são formadas por processos de construções simbólicas de como a informação e a interação social transforma-se em conhecimento. As diferentes formas de olhar, representar e interpretar a arte caracterizam a educação na pós-modernidade, pois é sujeito a múltiplas leituras e interpretações, depende da integração do passado e o presente para se construir o conhecimento.
Para Hernández, interpretar é compreender, é manifestar explicitamente essa compreensão. Interpretar é decifrar e descrever, quase automaticamente, é buscar relações, conexões, perceber valores, conceitos e preconceitos.
Interpretação da Cultura VisualPara Hernández, o cruzamento de olhares entre o passado e o presente são formas de pesquisa que, sempre em grupo, mostra diferentes olhares a partir de elementos chaves. Pois cada objeto recebe significados e sua pesquisa é forma de conhecimento.
Michael Parsons questiona qual a relação entre fazer arte e a história da arte, se elas são necessárias para se compreender as obras de arte e devem ser ensinadas separadamente.
Hernández acredita que as imagens são mediadoras de valores culturais e contém metáforas nascidas da necessidade social de construir significados. Reconhece-las e reconstruí-las é uma das finalidades da educação para que possa compreende-la. Ou seja, não há receptores nem leitores, mas construtores e intérpretes através das experiências individuais de acordo com seus valores culturais.
Não há uma única maneira de se organizar um currículo, é necessário selecionar conteúdos diferenciados a cada grupo de alunos (imagens - representações sociais) e ter ligação com outras linguagens (interdisciplinaridade), pensar nas características evolutivas, sociais e culturais, ligar o conteúdo a diferentes culturas e realizar estudos a partir de uma posição crítica-social.
O aluno carrega com ele valores culturais e sociais, tem uma identidade e biografia em construção.
Avaliação
Para Hernández, avaliação é sempre processo, por exemplo o portifólio que mostra o processo de aprendizagem. O que mais vale é estimular a capacidade de pesquisas e não o passar em exames tradicionais. É necessário que o estudante compreenda (interprete e valorize) a questão e não só responda enunciados. A aprendizagem artística e a criatividade não são a mesma coisa, pois conhecimentos e habilidades não amadurecem sozinhos.
Devemos avaliar a capacidade de dar forma visual às idéias; a descrição, análise e interpretação das obras de arte e seus significados; a curiosidade; a inventividade; a inovação e reflexão e a abertura de novas idéias; a clareza em expressar idéias.
O portifólio é a forma de reconstruir o processo de como o aluno está aprendendo, pois ele da conta de mostrar as finalidades educativas, repensar nas práticas avaliadoras onde só haviam provas/exames e remarcar a importância de não confundir qualificação e aprovação apenas por ela. O processo de aprendizagem através do portifólio permite mudanças e acompanhamentos mais próximos da realidade do aluno. Por ele podemos avaliar os objetivos, saber quais foram cumpridos e quais não foram alcançados, aponta a direção e a projeção de um enfoque futuro. O portifólio é propriedade do estudante.
É necessário notar uma seqüência progressiva, mostrar o porque da escolha daquelas atividades e informações. Suas evidências são Artefatos (documentos sobre o trabalho do aluno, preparados por outras pessoas, comentários, avaliações), reproduções (documentos preparados para dar forma e sentido ao portifólio: explicações, notas, reflexões, cabeçalhos, títulos), testemunhos e produções. O aluno precisa fazer suas próprias reflexões, para mostrar as estratégias que ele usará para o processo criativo, fazer suas anotações sobre o estudo. É preciso criar um "continente", onde é armazenado os documentos (caixa, CD-ROM, etc.).
Os critérios de avaliação vão do técnico ao quantitativo. O técnico vai verificar as notas e reflexões alcançadas, se o conteúdo faz sentido para saber até que ponto o aluno evoluiu para as metas estabelecidas. Se deve se aprofundar em alguns aspectos. Esta evolução precisa ser notada, também, pelo aluno.
Através das experiências vividas por Hernández, pode-se notar que o conhecimento está ligado a cultura visual e a educação precisa se desenvolver através de projetos.